O sucesso da pesquisa e o comprometimento com resultados sérios e reais também eram de interesse da Kinross. A empresa sempre buscou transparência em seus monitoramentos e o estudo em questão viria para corroborar com os resultados apresentados. Com esse proposito, a companhia se colocou à disposição para qualquer necessidade da prefeitura relacionada à pesquisa. Para assegurar a legitimidade da coleta de material, a maior parte das amostras foi coletadas pelos pesquisadores do CETEM. Além disso, o estudo da Cetem analisou outras amostras como coleta de sangue da população, fazendo o material de pesquisa mais completo e abrangente.
É importante ressaltar que, quando a empresa iniciou suas atividades em Paracatu, em 1987, havia registro de atividades de garimpo que causaram grande impacto na qualidade das águas dos córregos Rico e Santo Antonio, com expressivo aumento da concentração de sólidos totais, ferro, manganês, arsênio e mercúrio. Em 1986, análises feitas pela Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), durante os estudos de impactos ambientais realizados pela Kinross, demonstraram teores elevados de sólidos e arsênio nos cursos d´água no entorno do Morro do Ouro, devido a essas atividades de garimpo.
Portanto, a presença de materiais oxidados no leito dos cursos d´água no entorno da mineração provêm tanto dos próprios sedimentos já existentes nos córregos e rios, quanto daqueles carreados pela movimentação provocada pelas atividades de garimpo artesanal realizadas desde os anos 1970 até 1989, que destruíram matas ciliares e assorearam cursos d´água. Numa operação denominada SOS Paracatu, realizada em conjunto pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), em 1989, foram recolhidas 156 dragas, 148 moinhos e 167 bombas de sucção nos córregos do entorno do Morro do Ouro, conforme descrito no livro “As minas reveladas”, de Antônio de Oliveira Melo. Com o uso desse tipo de equipamento, o material das águas, ao ser revolvido, pode mobilizar sólidos e elementos para os sedimentos e a água.
No início de sua operação, a Kinross estabeleceu acordo com a agência ambiental para efetuar uma série de medidas para controlar a erosão das margens dos córregos Rico, Santo Antonio e São Domingos e para efetuar contenção de material particulado que era carreado para os cursos de água devido à remoção da mata ciliar, também por essas operações de garimpo. Essas medidas, adotadas nos primeiros anos de operação da empresa, asseguraram uma considerável melhoria na qualidade da água desses córregos.